Poema-Ponte: três poemas de Cláudia Teixeira
- Dee Mercês
- 7 de mar.
- 2 min de leitura
Atualizado: 10 de mar.
A jovem cordelista Cláudia Teixeira, membra da Academia de Cordel do Vale do Paraíba, celebra a força da mulher nordestina e a riqueza da cultura popular em seus poemas.

Cláudia Teixeira, jovem brasileira e nordestina, nascida em 2006, é membra da Academia de Cordel do Vale do Paraíba, dedicando-se à poesia desde os 12 anos. Atualmente, segue representando a sua cultura.
Poema-Ponte: três poemas de Cláudia:
Despertar logo “cedin”
E com um brilho no olhar,
Forte que chega a rasgar...
Simples que acolhe “tudin”...
Supera a flor de jasmim,
Exala luz, melanina,
Grafa além do que imagina
A mulher forte, arretada.
A poesia é emanada
Com a força feminina.
Jeito que deixa um “doidin”,
Todo o canto há de encontrar
Motivos para celebrar
E o caba ficar “bestin”
Com o sorriso sem fim
E de uma bela menina,
Sem a palavra que a defina.
Chega a parecer granada!
A poesia é emanada
Com a força feminina.
in Vozes Femininas Vol.1, p.7
(...)
“Pra falar desse jeito?”
Grosseria, satanai
Entenda o direito
Tem é que interpretar
Aqui é só respeito
Nordeste é tudo par!
(...)
De uma coisa eu sei
Aqui não tem pârea não
Quem fala mal dispensei
Aqui é de coração
Nesse lugar vivo rei!
Nordeste é vocação.
in Trajeto de Nordestino, p.5/8
SOLO RACHADO
Em terra de solo quente
de um povo visto como sofrido,
mas que vivem é contente,
viver nesta região
nunca será castigo.
Mesmo no pior momento,
não se pode ouvir um
tengo
lengo tengo.
Em junho o céu ganha cores,
balançam nos barbantes
e o forró não para,
valioso que nem diamante.
No solo rachado
o chinelo faz chiado,
no dois pra lá
e dois pra cá
Faz até feira de mangaio.
Cultura popular
é maracatu subindo ladeira,
é verso que trás beleza
e assim,
Fazemos a nossa brincadeira.
Nordeste é rico,
possui suas surpresas.
(Poema inédito)
A Poema-Ponte é uma coluna quinzenal dedicada à poesia luso-brasileira, com curadoria do poeta português Pedro Albuquerque e edição do poeta brasileiro Dee Mercês. A cada edição, a coluna apresenta poetas emergentes ou com trajetórias mais consolidadas de ambos os países, promovendo um rico intercâmbio literário entre Brasil e Portugal.
Lindo!