Hélder Magalhães nasceu em Tagilde, Vizela e é o melhor da sua rua. Ao pé coxinho, acredita que a pedra dá flor e a vida já lhe deu duas. Lançou o seu último livro, Nunca Estiveste Aqui, em 2020 com a Edições Humus.
***
Poema-Ponte: três poemas de Hélder Magalhães
(Sem título)
a rua desemboca no largo
o teu sorriso escorre
ainda pelo copo de cerveja
oiço-te dizer
quando é que me beijas
a valer
naquele jeito de provocação
que me fez abrir
o coração ao primeiro gole.
in Nunca Estiveste Aqui, p.8.
(Sem título)
ser um novo alfabeto
a crescer na tua boca
planta de interior
criando raízes na carne
da tua pronúncia.
in Nunca Estiveste Aqui, p.13.
(Sem título)
Chegaste e ali ficaste à minha espera
Vieste toda em flor, eterna Primavera
Caímos em abraço nessa estação
Sim, soubemos o milagre do coração
És amor, revolução
És flor, toda devoção
És o vínculo, beleza
Para sempre, com certeza
Abrimos a janela para a eternidade
Uma canção para dentro, a felicidade
Da raiz desenhamos a árvore, as aves
No teu peito deito a cabeça, o ninho, sabes?
És amor, revolução
És flor, toda estação
És o vínculo, beleza
Para sempre, com certeza
Renascemos nessa batida sob a pele
Cosemos a linha vermelha no papel
Escrevemos os dias, somos linguagem
Construímos caminhos, arte da viagem
És amor, revolução
És flor, toda estação
És o vínculo, beleza
Para sempre, com certeza.
(Poema inédito)
***
Poema-Ponte é uma coluna quinzenal de poesia Luso-Brasileira, com curadoria a cargo do poeta português Pedro Albuquerque e edição do poeta brasileiro Dee Mercês. Nesta coluna, estão sendo apresentados poetas emergentes ou com trajetórias mais consolidadas de ambos os países.